segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Carolina

(parte 5)



  Assim que os pais de Carolina chegam, notam que a menina não está, porém não ligam, sabem que ela sempre fazia isso. Quando entram em seu quarto tomam um susto com a aparência daquela boneca, toda quebrada e remendada, seus ligamentos e dobras eram as cordas, Jorge abre o bilhete e se sente mal pelas palavras rudes de Carolina, pois, nunca tinha visto tal comportamento. Joga o pedaço de papel em cima de Júlia, ela lê e apenas ri, acha que sua filha estava extrapolando e que quem havia chegado ao limite era ela. Júlia olha para seu marido diz:
- Jorge, essa garota está brincando demais comigo, quem ela pensa que é? Sempre demos tudo que ela pediu, nunca deixamos que nada faltasse a ela, e agora ela vem com essa história de que chegou em seu limite e que nós nos arrependeremos de nossas ações? Que ações? Ela deve estar com problemas mentais, não acha?
 Esperando que Jorge confirme as insanidades que disse, Júlia se decepciona ao ouvir:
- Júlia, quem está ficando com problemas mentais é você, não entende que pra alguém, independente de quem seja, se essa pessoa é sensata, o mais importante pra si, são as atitudes das pessoas ao seu redor e não o dinheiro ou bem que elas podem oferecer? Entenda, nossa filha é uma adolescente, ela tem problemas o tempo todo. Você já perguntou para ela uma vez sequer como foi seu dia? Sentou-se ao lado dela e lhe fez um cafuné? Perdoe-me, mas dessa vez devo concordar plenamente com Carolina e espero que o que ela pretende não seja algo muito ruim, essa boneca não me trouxe boa impressão. Repense sobre seus atos Júlia, nem sempre você se safará!
 Júlia sai do quarto e bate a porta, está irritada, mas no fundo sabe que seu marido tem razão.
Enquanto caminha na beira da estrada perto de sua casa, Carolina tenta imaginar a reação de seus pais ao ver a boneca e ler o bilhete. Pensava que ao menos Jorge ficaria do seu lado. Não nota o quão rápido passava o tempo, porém percebe que o entardecer chega logo; olha para o céu, estava do jeito que gostava aquele alaranjado escuro e o sol sumindo dentre as nuvens. No entanto, é interrompida pelo toque de seu celular. Para sua surpresa é Nick, não espera muito para atender.
  - Que milagre é esse, me ligando esse horário? Fale o que quer. – Diz Carolina, com um sorriso em seus lábios.
  - Não sabia que era errado ligar para você, enfim, fiquei um tanto preocupado com você hoje, saiu tão rápido da escola e não vou negar que fiquei curioso do por que ter pedido a boneca. Mas meu objetivo não é nem saber o porquê e sim se deu certo.
  - Ei, não disse que não podia! Olha, queria até te falar para o que era, mas não posso. E deu certo sim, obrigado. Como sempre te devo mais uma. Agora, acho que devo desligar, logo chego em casa e não quero que meus pais me ouçam conversando com você.
  - E onde você está? Carol, já está tarde! Tudo bem então, nos vemos amanhã?
 - Sim, boa noite!
 - Boa noite.
Carolina estava sem ânimo nenhum de voltar para sua casa, mas tinha que ir para a escola no dia seguinte. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Carolina

(parte 4)


 No caminho, Carolina permanece quieta enquanto seus pais discutem sobre o que falarão dessa vez. Embora Jorge aparentasse ser mais compreensível não tão interessado em aparecer, sabia que poderia ganhar seus reconhecimentos com tal teatro e assim, resolvia apoiar sua esposa. Carolina estava com seus fones de ouvido, decidida a não ouvir aquela discussão fútil de seus pais.
 Ao chegar à casa dos seus tios, todos estão se cumprimentando calorosamente, sem nem se quer disfarçar tamanha falsidade, enquanto Carolina senta no sofá esperando que ninguém a note. Sua tia Eliza começa com o discurso que Carolina já tem gravado em sua cabeça:
 - Amor da titia como chega e não me cumprimenta? O que está acontecendo com você? Vamos lá... O que tem para me contar, como está na escola? – Os olhos de Eliza brilham, esperando as respostas doces na qual estava acostumada a ouvir de Carolina.
 - A escola é ótima, entretanto não tenho nada pra te contar, desculpe tia, mas não estou a fim de conversar. – Carolina vai até a cozinha.  
 Sua tia questiona Júlia e Jorge a respeito do comportamento de Carolina. Eles dizem que é só um momento, que a menina está atarefada demais e não tem tempo pra quase nada. Falam que Carolina participará de alguns eventos na escola e precisa se concentrar um pouco mais. Carolina volta à sala perguntando o que conversavam:
 - Do que estão falando? Pelo que eu me lembre, não tenho nenhum evento na escola... Mãe a senhora não acha que já está mais do que na hora de parar? – Carolina olha para a Júlia com o mesmo olhar frio de tempos antes.  
Seu pai tenta mudar de assunto perguntando sobre o marido de Eliza:
 - Eliza, onde está Diogo? Precisava tanto falar com ele...
 - Perdão Jorge, com essa correria acabou não dando pra contar. Diogo foi viajar a trabalho e talvez só volte no mês que vem. – Carolina interrompe pedindo para ir embora.
 Júlia concorda com sua filha. Todos se despedem e voltam para casa. Carolina entra no carro já imaginando que levaria uma bronca, mas não dá importância, coloca seus fones novamente.  Ao chegar, corre para o quarto, já era tarde da noite e precisava dormir, esperava que Nick fizesse o que havia pedido.
 No pátio da escola, a menina espera por seus amigos. Nota que ao entrar, Nick carrega um embrulho, e sente-se aliviada por ele não ter esquecido. Ela abre o embrulho:
 - Essa boneca está perfeita Nick, obrigada! – Ela põe a boneca em sua bolsa e corre para a sala.
 Nick fica sem saber o porquê Carolina queria aquela boneca, mas não dá tempo de perguntar.
 Carolina chega em casa, costura cordas na boneca a deixando como uma marionete e começa a escrever um bilhete: “ Bom, acho que é isso o que vocês esperam de mim. Pois bem, tenho uma leve impressão de que se arrependerão de suas atitudes... Todos tem seus limites, e eu cheguei no meu!”. Carolina deixa o bilhete e a boneca quebrada em cima do criado mudo de seus pais e sai da casa... 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Carolina

(parte 3)


Chega então a hora de Carolina voltar para casa, longe de seus amigos, não sabia ao certo como reagir em cada momento constrangedor em que sua mãe a colocaria, iria visitar seus parentes, e estava receosa.  Pensava em que sua mãe se gabaria dessa vez... Pelas ótimas notas? Pelos lindos trabalhos artísticos? Por sua beleza que era de chamar a atenção de qualquer um ou por ser simpática demais com todos?
Carolina, apenas parecia ser doce e meiga, mas sua cabeça era turbulenta. No fundo, Júlia tinha razão a respeito de seus amigos, ela sabia que aquilo poderia dar errado.  Em sua casa, a menina vestia-se com uma máscara, mas não se dava conta de que aquilo só ajudaria seus pais a se aproveitarem dela. Nunca havia se mostrado verdadeira, não havia ninguém que soubesse de sua vida, do que passava em sua cabeça, exceto sua agenda e Nick. Sentia paixão por ele desde seus 13 anos, acreditava que Nick poderia ajuda-la com sua família, ajudar Carolina a fugir de seus pensamentos, ser o seu refúgio. Porém ele via Carolina apenas como uma amiga sabia que poderia apoia-la, e faria o possível pra isso, mesmo sabendo que seria errado.
Talvez seus planos pudessem mostrar a todos quem realmente era Carolina, e essa era sua intenção. Era admirada por muitos pela sua força de vontade, e isso a ajudaria. Cada vez que escrevia, era afogada por suas palavras, puxada para longe de seu mundo. E a raiva a consumia cada vez mais, a cegando, impedindo-a de ver que poderia haver mudanças sem tudo o que planejava. Carolina se tornava fria, calculista e perdia seu amor pelos de sua família.
Quando chega em sua casa, mal colocava seus pés frente à porta quando sua mãe disse:
- Não acha que demorou demais mocinha? Vá já se arrumar, vamos à casa de seus tios.
Carolina olha para sua mãe, como se soubesse dos interesses que Júlia tinha. Seus olhos não a viam mais como sua mãe, e sim como uma estranha:
- Tudo bem Júlia, já estou indo. Meu pai está?
- Está largado no sofá esperando por você.
Carolina corre para a sala, e senta-se perto de seu pai, que nota seu olhar lânguido:
- Filha, está acontecendo algo que queira me contar?
- Não pai, está tudo bem. – Carolina responde de forma neutra e vai para seu quarto.
Revira seu guarda-roupa atrás de algo para vestir. Coloca seu vestido preto de veludo que foi presente de sua avó; estava com ele quase todas as vezes que visitava seus parentes. Calça sua sapatilha, faz um coque em seu cabelo, usa seu tradicional batom vermelho cereja, olha no espelho uma ultima vez. O espelho parecia refletir seu interior, ela estava desanimada, porém foi. Desceu as escadas com rapidez.
Seu pai dá partida no carro, e seguem todos para a casa de seus tios.


sábado, 11 de maio de 2013

Carolina

(parte 2)


Carolina estava sentada perto da janela escrevendo quando seus pais chegam, sua mãe se incomoda com o barulho do rádio e o desliga.
- Carolina, quantas vezes vou ter que falar que não quero você ouvindo esse tipo de musica?
- Vamos Júlia, deixe Carolina aí, não está vendo que a menina está escrevendo? – Diz Jorge, pai de Carolina.
Carolina abaixa a cabeça para não mostrar seu nervosismo enquanto seus pais saem da sala. Rasga a folha de sua agenda e guarda no bolso. Sai do apartamento sem rumo algum...
Embora não suporte areia, foi caminhar na beira do mar, achou que pudesse se acalmar ali de algum jeito, porém voltou pior. Era inevitável, Carolina não suportaria aquela situação por muito mais tempo, não aguentava mais se sentir a “boneca” de seus pais.
Chega então o fim de sua viagem, acabou o fim de semana e eles voltarão para a casa. Carolina sente-se aliviada.
Quando chegam, Júlia pede a sua filha que arrume suas coisas, pois no dia seguinte haveria aula, sem nem pensar, Carolina corre para o quarto, tranca a porta, abre sua gaveta, esconde a agenda e arruma seu material. Ansiosa para que chegue logo o outro dia, vai dormir.
Ás 6 da manhã Carolina acorda e vai se arrumar, pega sua agenda e seu material e vai para a escola. Já no segundo ônibus, ela começa a escrever:
- Esse fim de semana foi de fato, o pior. Eles não cansam de fazer esse teatro, tento me controlar, mas está difícil...
Ao chegar à escola, a menina corre para junto de seu grupo de amigos... Sua mãe sempre achou que eles não fossem boas influências para Carolina, dizia que se vestiam mal, falam de um jeito estranho, tinham um gosto musical péssimo e sempre pareciam estar escondendo algo. Porém Carolina nunca se importou, afinal fazia muito tempo que ela não se importava com alguma coisa que sua mãe dizia.
Carolina passa o papel que estava em seu bolso para um de seus amigos, Nick olha espantado para ela e pregunta:
- Como assim?! Você tem certeza de quer que eu traga?
- Oras Nick, se não quisesse, não pediria. – Ela ri com certo sarcasmo em seu olhar.
O sinal toca e todos vão apresados para suas salas, enquanto Carolina caminha tranquilamente pelo corredor.
Na aula, a professora chama-a a atenção irritada, pois, Carolina desenhava. Em sua cabeça, a menina já havia decidido, não deixar que seus pais aproveitassem dela. E em seus desenhos tramava planos.



terça-feira, 7 de maio de 2013

Carolina

 (parte 1)



Carolina era uma menina meiga, amada por todos e sua família era sempre muito presente. Tinha 16 anos, uma fase muito difícil para muitos, entretanto, Carolina não tinha problemas (aparentemente). Muito estudiosa, havia ganhado uma bolsa de estudos em uma escola particular não tão perto de onde morava. Tomava dois ônibus até chegar lá. Ia sozinha todos os dias. Gostava muito do lugar onde estudava, das pessoas, dos professores... Carregava com ela sempre uma agenda, não se descuidava nem por um segundo. Ali estava guardado seus segredos mais ocultos. 
 Chegado o fim de semana, sua família decidi viajar, ir ao litoral, lugar onde Carolina tinha repugna, detestava a sensação da areia em seus pés. Arrumando suas malas, seus olhos entregavam a raiva que sentia por estar indo contra sua vontade. Sua mãe a apresava. Corriam, pois à tarde o transito era caótico naquela região. Jogou suas malas dentro do carro e se sentou. Deram partida. Carolina estava quieta, sua mãe estranhou, porém não disse nada, afinal a menina não queria ir.
 Chegando a praia, sua mãe e seu pai estavam eufóricos, queriam ir logo ao mar. Deixaram suas malas no apartamento e Carolina resolveu ficar por lá. Ao ficar sozinha, ligou seu rádio, o som estava extremamente alto, estava incomodada com aquele lugar e a única coisa que a deixava melhor, era a música. Sentou-se e pegou a agenda, que era uma espécie de diário, onde NINGUÉM podia nem se quer tocar. Colocava ali seus sentimentos mais profundos, suas ideias, vontades, seus desenhos e textos... Era algo que a permitia ser quem realmente queria. 
 Sua família havia feito dela uma marionete, esperando ser o centro das atenções pela filha exemplar que tinha e pela vida feliz que levava. Mas aquele teatro não duraria muito. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Resenha:

" A casa do lago" 


Gênero: Romance.
O filme narra o romance de Kate (Sandra Bullock) e Alex (keanus Reeves), um casal que estranhamente se apaixonam por cartas, mas há algo que os afasta; a distancia, não uma distancia entre lugares, mas uma distancia em anos. O que no começo parece loucura, vai se tornando cada vez mais real. A vontade de conseguirem uma maneira de se encontrar é cada vez maior. Com o passar do tempo, lembram que já haviam se conhecido antes. Parte daí a primeira tentativa de se reencontrarem, mas falha. entretanto não desistem.
O filme chama a atenção, pelo fato de não ser aquele romance em que existe o "felizes para sempre", mas mostra maturidade em seu conteúdo. O filme é simples, porém intrigante, dá a sensação de querer ver logo a próxima cena. "A casa do lago" consegue reunir diversos sentimentos. Confesso não conter as lágrimas, mas me contive com o final, pois, fez valer a todas elas. filme que não sei o porquê de não ter visto antes, mas agora, com toda certeza, recomendo.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Devaneio




 O dia estava lindo, e você estava do meu lado. Sorriamos enquanto caminhávamos. Tudo parecia estar perfeito, sim estava perfeito. Conversávamos sobre tudo, fazíamos planos, traçávamos nosso futuro. Uma casa na praia ou num sítio? Um cachorro ou um gato? Entravamos em conflito á respeito do nome de nossos filhos.
Paramos em uma sorveteria e sentamos a mesa mais próxima.  Olhávamos para os outros casais imaginando como seria realmente nossa vida juntos. A cada minuto que passava, sabia que era você a minha única certeza. Sabia que com você, passaria o resto de minha vida.
 Tudo estava indo muito bem, no entanto, algo começava a me incomodar, meus olhos embasavam, sua respiração se tornava cada vez mais forte, você olhava para o nada como se não pudesse me ver, sentia uma enorme agonia tomar conta do meu ser. Pedi que saíssemos dali, mas você não ouvia. Senti-me invisível. A dor aumentava. Já estava no chão, fechei os meus olhos, e então...
 O barulho do despertador me acorda com um enorme susto. Tudo aquilo, não passava de um sonho. Eu te criei em meus pensamentos, te fiz real. E quando dei por mim, já havia passado dos limites.  Queria poder voltar a dormir, e só acordar quando você me trouxesse de volta ao mundo real. Não queria que aquilo tivesse fim, deixei-me levar por devaneios.
 Olhei para o maldito relógio, estava atrasada. Poderia continuar com a minha loucura, porém, decidi acordar. Minha cabeça explodia. Engoli os comprimidos, e a água como se fossem pedras, peguei as chaves, olhei para o relógio novamente perguntando o porquê de ter me arrancado daquele sonho. Olhei para o travesseiro e pensei: “Essa noite te encontrarei de novo?”.