terça-feira, 28 de maio de 2013

Carolina

(parte 4)


 No caminho, Carolina permanece quieta enquanto seus pais discutem sobre o que falarão dessa vez. Embora Jorge aparentasse ser mais compreensível não tão interessado em aparecer, sabia que poderia ganhar seus reconhecimentos com tal teatro e assim, resolvia apoiar sua esposa. Carolina estava com seus fones de ouvido, decidida a não ouvir aquela discussão fútil de seus pais.
 Ao chegar à casa dos seus tios, todos estão se cumprimentando calorosamente, sem nem se quer disfarçar tamanha falsidade, enquanto Carolina senta no sofá esperando que ninguém a note. Sua tia Eliza começa com o discurso que Carolina já tem gravado em sua cabeça:
 - Amor da titia como chega e não me cumprimenta? O que está acontecendo com você? Vamos lá... O que tem para me contar, como está na escola? – Os olhos de Eliza brilham, esperando as respostas doces na qual estava acostumada a ouvir de Carolina.
 - A escola é ótima, entretanto não tenho nada pra te contar, desculpe tia, mas não estou a fim de conversar. – Carolina vai até a cozinha.  
 Sua tia questiona Júlia e Jorge a respeito do comportamento de Carolina. Eles dizem que é só um momento, que a menina está atarefada demais e não tem tempo pra quase nada. Falam que Carolina participará de alguns eventos na escola e precisa se concentrar um pouco mais. Carolina volta à sala perguntando o que conversavam:
 - Do que estão falando? Pelo que eu me lembre, não tenho nenhum evento na escola... Mãe a senhora não acha que já está mais do que na hora de parar? – Carolina olha para a Júlia com o mesmo olhar frio de tempos antes.  
Seu pai tenta mudar de assunto perguntando sobre o marido de Eliza:
 - Eliza, onde está Diogo? Precisava tanto falar com ele...
 - Perdão Jorge, com essa correria acabou não dando pra contar. Diogo foi viajar a trabalho e talvez só volte no mês que vem. – Carolina interrompe pedindo para ir embora.
 Júlia concorda com sua filha. Todos se despedem e voltam para casa. Carolina entra no carro já imaginando que levaria uma bronca, mas não dá importância, coloca seus fones novamente.  Ao chegar, corre para o quarto, já era tarde da noite e precisava dormir, esperava que Nick fizesse o que havia pedido.
 No pátio da escola, a menina espera por seus amigos. Nota que ao entrar, Nick carrega um embrulho, e sente-se aliviada por ele não ter esquecido. Ela abre o embrulho:
 - Essa boneca está perfeita Nick, obrigada! – Ela põe a boneca em sua bolsa e corre para a sala.
 Nick fica sem saber o porquê Carolina queria aquela boneca, mas não dá tempo de perguntar.
 Carolina chega em casa, costura cordas na boneca a deixando como uma marionete e começa a escrever um bilhete: “ Bom, acho que é isso o que vocês esperam de mim. Pois bem, tenho uma leve impressão de que se arrependerão de suas atitudes... Todos tem seus limites, e eu cheguei no meu!”. Carolina deixa o bilhete e a boneca quebrada em cima do criado mudo de seus pais e sai da casa... 

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