(parte 3)
Chega então a hora de Carolina voltar para casa, longe de
seus amigos, não sabia ao certo como reagir em cada momento constrangedor em
que sua mãe a colocaria, iria visitar seus parentes, e estava receosa. Pensava em que sua mãe se gabaria dessa vez...
Pelas ótimas notas? Pelos lindos trabalhos artísticos? Por sua beleza que era
de chamar a atenção de qualquer um ou por ser simpática demais com todos?
Carolina, apenas parecia ser doce e meiga, mas sua cabeça
era turbulenta. No fundo, Júlia tinha razão a respeito de seus amigos, ela
sabia que aquilo poderia dar errado. Em
sua casa, a menina vestia-se com uma máscara, mas não se dava conta de que
aquilo só ajudaria seus pais a se aproveitarem dela. Nunca havia se mostrado
verdadeira, não havia ninguém que soubesse de sua vida, do que passava em sua
cabeça, exceto sua agenda e Nick. Sentia paixão por ele desde seus 13 anos,
acreditava que Nick poderia ajuda-la com sua família, ajudar Carolina a fugir
de seus pensamentos, ser o seu refúgio. Porém ele via Carolina apenas como uma
amiga sabia que poderia apoia-la, e faria o possível pra isso, mesmo sabendo
que seria errado.
Talvez seus planos pudessem mostrar a todos quem realmente
era Carolina, e essa era sua intenção. Era admirada por muitos pela sua força
de vontade, e isso a ajudaria. Cada vez que escrevia, era afogada por suas
palavras, puxada para longe de seu mundo. E a raiva a consumia cada vez mais, a
cegando, impedindo-a de ver que poderia haver mudanças sem tudo o que
planejava. Carolina se tornava fria, calculista e perdia seu amor pelos de sua
família.
Quando chega em sua casa, mal colocava seus pés frente à
porta quando sua mãe disse:
- Não acha que demorou demais mocinha? Vá já se arrumar,
vamos à casa de seus tios.
Carolina olha para sua mãe, como se soubesse dos interesses
que Júlia tinha. Seus olhos não a viam mais como sua mãe, e sim como uma
estranha:
- Tudo bem Júlia, já estou indo. Meu pai está?
- Está largado no sofá esperando por você.
Carolina corre para a sala, e senta-se perto de seu pai, que
nota seu olhar lânguido:
- Filha, está acontecendo algo que queira me contar?
- Não pai, está tudo bem. – Carolina responde de forma
neutra e vai para seu quarto.
Revira seu guarda-roupa atrás de algo para vestir. Coloca
seu vestido preto de veludo que foi presente de sua avó; estava com ele quase todas
as vezes que visitava seus parentes. Calça sua sapatilha, faz um coque em seu
cabelo, usa seu tradicional batom vermelho cereja, olha no espelho uma ultima
vez. O espelho parecia refletir seu interior, ela estava desanimada, porém foi.
Desceu as escadas com rapidez.
Seu pai dá partida no carro, e seguem todos para a casa de
seus tios.
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